Segundo o dicionário online, transformar é dar nova forma a; passar a possuir uma nova forma.
Acho que em muitas ocasiões gostaríamos de fazer isso com nós mesmos, dar uma nova forma, ter uma mudança interior, fazer novas coisas e deixar outras para trás. Muitas vezes me vejo sem saber para onde ir e me deparo com dúvidas do meu caminhar.
Faço então um exercício que sempre me abre caminhos.
Primeiro vou para o ateliê. Lá tenho uma gaveta onde guardo catálogos, revistas e folhetos que vou pegando em exposições, teatros, espetáculos, enfim na vida.
São sempre de locais que tive alguma experiência estética, não que isso seja obrigatório.
Antigamente, quando assinava jornal em papel eu guardava os cadernos de programação de final-de-semana.
Então dentro da gaveta retiro uma dessas publicações e começo a folhear, me lembrar do dia que fui a tal lugar, com quem estava. Me lembro das conversas, e meu pensamento caminha e devaneio.
Foi o que aconteceu dessa última vez, eu estava precisando inventar algo, pesquisar sem medo e sem preocupação com um resultado. Peguei uma revista do SESC edição de abril de 2019. Sempre muito bem cuidada, fotos lindas, uma programação maravilhosa. Papel couché brilhante.
Destampo minha lata de látex branca. Pinto a capa de branco e passo para o seu interior. Pinto a contra capa e a primeira folha. Conto 5 páginas e pinto de branco, mais 5 e vou caminhando nesse ritmo. Procuro não respeitar as imagens que estão dentro, mas uma se impôs, a do índio que me fez lembrar a música de Caetano:
‘Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do hemisfério sul Na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Terminada essa etapa, pego minha máquina de costura. Coloco no ponto zig zag e vou costurando as páginas de 5 em cinco, deixando assim as folhas mais grossas.
Figura 1: Página do caderno criativo feito com a revista do SESC n° 270
Pego minha aquarela e meu pincel japonês fude e me dou o direito de escutar a música e deixar minha mão dançar sobre o papel.
Figura 2: meus pincéis japoneses e chineses
Sorrio.
Fico leve e solta.
Passo a encáustica básica em cada folha.
Pronto.
Agora tenho um caderno criativo para novas intervenções artísticas,Dei início com uma transferência de imagem sobre a encáustica.
Pequenas abelhas voando nas páginas.
Transformei, fiz uma mudança interior.
Figura 3: O índio e as abelhas
Produzindo meu Caderno Criativo.
Ana Carmen Nogueira, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia.
Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.
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