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Texturas da Vida na CasaGaleria e Oficina de Arte Loly Demercian

expor verbo 1.1 transitivo direto e bitransitivo e pronominal apresentar(-se), pôr(-se) à vista ou em exibição; colocar(-se) em evidência.

O ato de expor trabalhos já nos deixa “sem proteção”, estamos ali expostos na sua forma mais aberta. É como se todos pudessem olhar desveladamente naquelas obras o que estava escondido ou não percebido. Assim o artista ao se expor por meio da arte mostra o seu estar no mundo, o recorte daquilo que ele enxerga do seu modo de habitar.


Ao mesmo tempo é bonito ver, escutar, sentir como as pessoas recebem o que você faz, pensa e sente.


Gosto muito do meu espaço de trabalho, quando viajo tenho saudades de lá, quando recebo minhas alunas, gosto de como elas se sentem aconchegadas, quando a Loly Demercian entrou no ateliê disse que “Bateu um cheiro de mel misturado com vela; uma sala com um espaço generoso para a circulação, uns setenta metros quadrados, e paredes cobertas por obras de arte. Algumas frestas escondiam um canto repleto de memórias de vida.”


Nesse caminhar pelo ateliê, observando as obras, escolhendo as que queria na exposição, criando pequenas narrativas, foi percebendo algo que sempre busco e que carrego desde 2004 quando tive a honra de descobrir o universo das pessoas com deficiência visual, as texturas.


Percebo que ainda tenho um pouco de dificuldade de falar sobre elas, pois as sinto, as busco, as quero, para que Roseli, Marcela, Caio, Vinicius, Gislaine, e todos com algum tipo de deficiência visual possam ter a possibilidade do toque para a abertura da experiência estética que temos pela visão.


Abro-me nessa minha primeira exposição individual, “Texturas da vida”, para o que me põe em suspensão, para os locais que me aqueceram, que me levaram para novas formas de ver o que todos viam, mas não enxergavam. Estar naquele lugar, dar um tempo para a experiência de um momento que passa quase despercebido, mas que retirei do tempo e o coloquei em suspensão. O momento em que tudo está em harmonia, o que penso o que quero e o que sinto. Procuro assim levar o expectador para um estado de fluidez.


A cera que aquece, mistura que se transforma em líquida para sólida em poucos momentos, é a matéria prima e coautora de todas as obras. Mantemos um contato íntimo e forte, somos hoje uma o complemento da outra. Sou como a encáustica e isso me deixa bem, ela me faz compreender melhor quem eu sou no calor e no frio.


Muitas lutas, muitas experiências, muitas descobertas, muitos amores e amizades estão sendo reveladas nesta exposição que não foi feita apenas por mim, mas por todos meus amores que me habitam. Meu marido, minha filha, meu pai e minha mãe, meu sogro e minha sogra, meu irmão e minha irmã, meus cunhados e cunhadas, meus sobrinhos e sobrinhas, minhas sobrinhas netas e sobrinhos netos, minhas amigas amadas e meus amigos, minhas alunas e alunos.

Além da exposição abrimos mais o ateliê para os que estão longe e lançamos a possibilidade de um encontro virtual que esperamos seja quente, denso, cremoso e forte como nossa experiência com a arte da pintura encáustica.


O curso online de pintura encáustica é o resultado de mais de um ano de trabalho de criação do site, elaboração dos vídeos, edição e montagem de uma equipe pequena e amorosa. Fizemos de tudo para ficar o mais próximo de quem está longe. Mais uma vez retiramos o tempo e a distância e fizemos uma conexão.

Como diz Gilberto Gil em “Pela internet”:

Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje

Que veleje nesse informar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki do meu velho orixá…

Ana Carmen Nogueira, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.


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