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O que fazer com as raspas da superfície da pintura encáustica?

Outro dia no instagram o International Encaustic Artists uma pessoa perguntou:

What to do with those beautiful leftovers scrapings from the surface of an encaustic painting? Any suggestions?


O que fazer com aqueles bonitos restos de raspas da superfície de uma pintura de encáustica? Alguma sugestão?


Achei tão interessante a pergunta que resolvi responder e junto comigo muitas pessoas responderam também.


Não é interessante perceber que pequenas ações de como trabalhamos dentro do ateliê com a pintura encáustica pode oferecer uma série de respostas?


Uma pessoa respondeu que derretia tudo e virava um pálido cinza, outra dizia que derretia para criar um cinza maravilhoso. Uma outra disse que fazia objetos interessantes e nos convidava para visitar a sua página. Eu fui até lá e realmente tem um trabalho muito bom. Eu, faço bolinhas de encáustica e vou guardando em uma cesta de vime. Essas bolinhas são tão lindas, que acabam alegrando o meu ateliê, mas também as uso com a canetinha elétrica para fazer alguns trabalhos, alguns detalhes mais delicados. Algumas das bolinhas ficam com a aparência de recifes de corais marinhos de tanto eu usar a canetinha quente nelas.

Os corais das raspas da Pintura Encáustica

Mas, devo dizer, que o que me chamou a atenção é que todas as pessoas, de alguma forma tentam reusar, ressignificar aquela raspa que poderia ser descartada.


A encáustica tem dessas coisas, faz com sempre aproveitemos tudo que ela nos oferece. Ela é amigável, doadora e quer que a gente descubra novas possibilidades.


Minha aluna presencial Zaïra Abreu adora ressignificar as coisas e não seria diferente com as raspas que retira de seu trabalho. Ela vai juntando em uma caixa.


Na nova pesquisa, ela usou as raspas derretidas para pintar as primeiras camadas.


Nessa superfície pintada podemos ver os resíduos de pó que grudaram nas raspas de encáustica que agem como novos elementos para a pintura.

Lú Mihara, no trabalho com as suas companheiras gatas, também reutilizou as raspas. Fez uma transferência de imagem de uma foto que tirou do seu celular. Uma gata banca e outra marrom, quase preta com o corpo um pouco mais claro. Resolvemos que era preciso dar mais volume para a gata escura. A branca ficou bem, quase etérea.


Ofereci minha cesta de bolinhas de encáustica pigmentada e com a canetinha elétrica foi escolhendo a cor que mais se adaptava à sua gata.

Lú com carinho foi moldando sua “princesa”, oferecendo volumes e sombreados.

Quase podemos sentir e ouvir a bichana ronronando.


Emoldurou o trabalho com laca azul e sorriu satisfeita.

A arte da encáustica é assim, transformadora.

Ana Carmen Nogueira, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia.


Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.


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