A primeira vez que tive contato com o desenho de contorno foi na década de 1980.
Sim amigas e amigos, eu sou antiga.
Foi por meio do livro de Betty Edwards (1984) “Aprender a dibujar com el lado derecho del cérebro” (Desenhando com o lado direito do cérebro) que tive contato com o desenho de contorno. Esse livro foi de grande importância para mim e para muitas pessoas que tinham dificuldade de desenhar. Até hoje me pego prestando atenção quando me desconecto do mundo ao redor e começo a perceber apenas as linhas que compõem o objeto a ser desenhado. Essa sensação é possível perceber, também, quando estamos fazendo os exercícios de Rendadozen, que sempre apresento para vocês. É uma atenção seletiva, onde o cérebro seleciona informações importantes e faz com que se ignore informações irrelevantes.
Um dos exercícios que Edwards apresenta é o desenho de contorno, popularizado por Kimon Nicolaïdes em seu livro de 1941, “The Natural Way to Draw: A Working Plan for Art Study. Sempre adorei fazer esses desenhos, mas nunca o desenvolvi como Elizabeth Layton. O desenho de contorno é um exercício que envolve treinar o olho e a mão para ambos seguirem o mesmo ritmo. No desenho de contorno cego, a pessoa cria um esboço básico sem olhar para o papel apenas para o objeto. O artista não levanta o lápis do papel enquanto traça cuidadosamente o contorno do objeto observado. A ideia é desacelerar o processo de observação e manter uma ligação sutil entre o cérebro e a mão.
Edwards (1984) explica que esse método funciona porque o hemisfério esquerdo não tem paciência para percepções lentas, meticulosas e complexas, coisa que o hemisfério direito se adapta muito bem.
O desenho de contorno quando feito com tempo e calma pode ajudar baixar a ansiedade e ajuda as pessoas a desenvolver habilidades de observação, atenção e pode ser até um exercício calmante.
No início será difícil fazer o desenho e se concentrar em cada movimento do olhar. Com o tempo vai ficando mais fácil e você irá perceber a mudança do pensamento analítico para o intuitivo.
Para um trabalho arteterapêutico com os desenhos de contorno é imprescindível que esteja acompanhada ou acompanhado por uma arteterapeuta credenciada e que esse trabalho seja um processo para que se possa aprofundar na experiência.
Fiz um desenho cego, bem rapidinho, para mostrar para vocês. Experimente. O desenho de contorno abre caminhos, solta o traço, ajuda na concentração, na atenção e reflexão.
Faça Arte.
Ana Carmen Nogueira, Mestre e Doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.
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