top of page

[Curso de Pintura Encáustica] Para encontros com Pintura Encáustica, uma pitada de suspensão

Hoje vou conversar um pouco sobre a experiência que tive essa última quinta-feira, 31 de outubro.


Monica entrou em contato comigo por meio do Instagram @anacarmenart. Ela queria fazer um quadro com pintura encáustica para o seu consultório. Tinha como inspiração as pinturas de Mariana Maia (@mmaiaart), que já foi minha aluna aqui no ateliê. Mariana Maia desenvolve um lindo trabalho com paisagens abstratas em sua maioria usando técnica mista. Seus quadros são carregados de texturas, belos azuis, brancos e ocres.


Conversamos bastante antes de marcarmos uma data para nosso encontro. Minha preocupação era deixar claro que aprender uma técnica como a pintura encáustica é um processo. É preciso conhecer a técnica, aprender a trabalhar com o calor, aprender a manipular o pincel e compreender como se dá a fusão das diversas camadas. Fazer a pintura encáustica é uma conversa entre o médium e o seu mundo interior. Além disso, eu sempre recomendo que comece fazendo pequenas pinturas e, com o tempo, aumenta-se o tamanho da superfície a ser pintada. Acho interessante como muitas pessoas visam o produto final e não o processo. Tento entender o porquê da pressa de se chegar ao final.


Meu tempo dentro da pintura é outro. Adoro o “devagares” – me sinto um pouco Manoel de Barros nesses momentos. Ele gostava das palavras e dos vazios, eu gosto da lentidão e da suspensão. Suspensão no sentido de que quando estou trabalhando com a pintura encáustica não sinto o tempo passar, não me lembro das coisas a fazer, do problema a solucionar. O aqui e o agora se torna minha relação com a cera e meus processos criativos. Adoro fazer as coisas devagar, a vagar, quase em câmera lenta. Se me apresso, me estrago.

Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade. O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito. Por pudor sou impuro. O branco me corrompe. Não gosto de palavra acostumada. A minha diferença é sempre menos. Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria. Não preciso do fim para chegar. Do lugar onde estou já fui embora. Manoel de Barros (O livro sobre nada)

Fizemos o nosso encontro, Monica e eu.


Ela saiu com duas pequenas produções, momentos de suspensão e um início de diálogo entre a cera e seu mundo.

Aluna Mônica Domiano Nuñez de São Paulo

Faça Arte!

Ana Carmen Nogueira, Mestre e Doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.


3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page