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Arteterapia: Residência toque – tocar o invisível

Com Elizabeth Layton, em outro texto pensamos nos desenhos de contorno, mas também se apresentou a questão do autorretrato.


Quero pensar junto com vocês sobre a questão dos autorretratos. Essa forma de expressão e reflexão que foi de grande ajuda para Layton. Nas artes visuais encontramos muitos exemplos de autorretratos, e neles percebemos momentos de autorreflexão onde o artista se expõe ao observador e este pode encontrar camadas ocultas na expressão que surge no semblante do artista. O autorretrato com Orelha Enfaixada de Van Gogh nos fascina por marcar a sua dor. Os autorretratos são momentos de introspecção e incentivam o artista a pensar sobre si mesmo e por isso pode ser considerado um componente importante de crescimento terapêutico. É um sair de si, e ter a capacidade de olhar com um certo distanciamento.


O autorretrato na arteterapia pode ser um facilitador de enfrentamento de desafios pessoais. Muitos teóricos da arteterapia acreditam que o autorretrato é uma ferramenta poderosa para aprofundar o autoconhecimento.


Vejam então, o desafio que se apresentou para mim. Fui convidada por Lilian Amaral a fazer parte da a Instalação Artística Residência TOQUE – Tocar o Invisível. Lilian Amaral é a curadora da exposição e a concepção e organização é de Hélio Schonmann. Desde 2017, a exposição acontece em diferentes espaços, com autoria compartilhada. E desta vez farei parte desse grupo fazendo um autorretrato que se juntará a outros já existentes e mais um tanto que está sendo feito por outros artistas convidados.

É uma instalação colaborativa de autorretratos em alto-relevo, feitos de papel, papelão e cola, todos pintados de branco que pedem o toque do observador e, dessa maneira é acessível para as pessoas com deficiência visual.


Fazer o autorretrato exigiu momentos de reflexão, uma volta ao passado e um desafio para o futuro. Fiz um molde de gesso do meu rosto. Desse molde fiz a papietagem com jornal, preenchi seu interior com uma massa de papel e cola. Pintei com látex branco e no lugar da boca e dos olhos, colei pequenas abelhas feitas de massa de papel e cola prensadas em um molde de silicone. De dentro de minha cabeça estão saindo várias abelhas, como estivessem saindo da colmeia em busca do pólen.


As abelhas sempre estão na minha cabeça. Tentei fazer com que o ato de passar a mão pelo rosto fosse agradável ao tato e que as pequenas abelhas passeando no meu rosto surpreendesse, interrogasse e quem sabe, a pessoa que passar a mão pelo “meu” rosto consiga inventar uma história sobre a figura que me mostrei.



Em função da pandemia, por enquanto a exposição será virtual. É possível ver algumas obras na grade externa da Oficina Cultural Oswald de Andrade na rua Três Rios.


Como visitar a exposição exposição TOQUE: INSTALAÇÃO EM PROCESSO | AUTORIA COMPARTILHADA On-line

Se você está interessada (o) em fazer seu autorretrato em relevo, acesse a TOQUE ON-LINE: PRODUÇÃO DE AUTORRETRATOS EM RELEVO e participe de uma das oficinas online de criação de autorretratos em relevo, elaborados em técnica derivada do Papier Marché, sob a orientação dos artistas Helio Schonmann e Lilian Amaral (27/10, 28/10, 29/10, 30/10 às 14:00. Informações no link).


Foi tão profundo criar o autorretrato que fiz um pequeno vídeo onde compartilho o meu processo de fazer.


ARTETERAPIA: Exposição TOQUE (Autoretrato) – Favor Tocar

Vou te contar um pequeno segredo, em cada camada, os diálogos que surgiram entre a obra e eu ficaram nela. Se você a encontrar nas grades de fora da Oficina Cultural Oswald de Andrade, e chegar com cuidado, vai escutar um sussurro…


Faça Arte!


Ana Carmen Nogueira, Mestre e Doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.


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