top of page

Pintura Encáustica em Vidro

Outro dia recebi uma mensagem vinda de Portugal, de Adília Santos querendo saber quais os materiais para fazer pintura encáustica sobre o vidro.

Foi uma pergunta bastante interessante que me levou mais uma vez ao caminho da busca e da pesquisa. Mandei mensagem para Adília, com uma saudade imensa de Portugal e de todas as viagens e encontros que hoje fazem parte de quem eu sou.


A pergunta é instigante, pois o vidro é um suporte e um material que sempre fica me rondando, mas que nunca fui a fundo. Não por desinteresse, mas por falta de tempo e de muitos quereres que me habitam.


Fiz uma pequena experiência com encáustica e vidro em um pequeno pote que ficou parecendo que era vidro jateado com azul e uma pitada vermelha, ambos muito transparentes que se misturam formando uma terceira cor, lilás.

Uma imagem contendo xícara, mesa, interior, vidro

Descrição gerada automaticamente

Me lembro, de quando fiz e como fiquei encantada com o resultado. No entanto, guardei a ideia para uma outra ocasião. Foi agora.


Meu marido tinha guardado no meio de suas coisas, que são muitas, um pedaço de vidro temperado que um dia fez parte da porta de um armário. O vidro é fosco e mede 49 x 133 cm. Achei que era muito grande para uma pesquisa, mas ele me incentivou a usar.


Tinha a ideia da capacidade de transparência da encáustica e suas delicadas fusões e encontros com outras cores. Fiz pesquisa nos diferentes desenhos de vitrais no Pinterest, e achei que poderia usar a cola quente como divisor entre as cores.


Encontrei uma linda aquarela de Tamara Phillips (https://www.tamaraphillips.ca/#/air-animals/), que por sua qualidade e tema, resolvi trabalhar na pesquisa da encáustica sobre vidro. Honey (18×25 cm) é uma delicada aquarela onde aparece uma abelha vista pela metade em meio a manchas azuis, verdes, marrons e amarelas. Achei que seria interessante trabalhar com uma obra pronta feita em aquarela para compreender melhor as capacidades da pintura encáustica.

Uma imagem contendo mesa

Descrição gerada automaticamente

Simplifiquei os detalhes da obra e passei para o vidro com caneta permanente azul. Usei na minha paleta, azul turquesa, azul da Prússia, azul cobalto, amarelo claro, sépia e terra de siena. Na primeira metade do desenho passei por cima a cola quente preta. Depois vi que não era uma boa solução, mas deixei sobre o vidro para ver como ela iria se comportar. A primeira parte, ou as primeiras pinceladas estavam muito carregadas. Vocês podem notar como as cores estão mais escuras em cima do quadro. Vou percebendo que é interessante deixar a encáustica pigmentada mais transparente. Diluo todas as cores com encáustica básica e assim acredito que o resultado ficou bom.


Descobri também que é melhor passar primeiro uma camada de encáustica básica e depois a encáustica colorida. Elas correm melhor e as cores se misturam com mais qualidade.


O resultado é uma mistura de aquarela com vitral. Agora tenho algumas respostas, mas muito mais perguntas. Ficou claro que não existe necessidade de usar a cola quente, ela retira a leveza e a fluidez do médium. Acho que é importante usar um vidro resistente ao calor para não ter problema dele se quebrar. Comecei usando o soprador de ar quente, mas não gostei do resultado e fiz quase todo trabalho com o maçarico.


E agora? Vamos fazer mais arte! Sobre madeira, sobre papel, sobre vidro, sobre cerâmica. Venha descobrir o universo da pintura encáustica.






Ana Carmen Nogueira, Mestre e Doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Ateliê de Arte.


32 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page