Convidada a fazer parte da exposição Coletiva de Novos Talentos CNT 2018, achei que compartilhar minha vivência com o Paratudo seria compartilhar minha experiência estética com esse lugar no centro de nosso país com sua rica biodiversidade que merece ser conhecido, respeitado e preservado.
Em 2018 estive na Chapada dos Guimarães, MT duas vezes. A primeira foi em fevereiro, época de chuva e o cerrado estava verde e o céu sempre carregado de nuvens. Conheci suas cavernas e cachoeiras e me deslumbrei com toda a força do cerrado. Quando voltei no final de julho a paisagem era outra, os tons verdes sumiram para dar lugar ocres, terra, amarelos e o céu de um azul inimaginável para nós paulistanos.
Passeei pelas estradas de terra olhando aquela imensidão que nos dá saudades de alguma coisa que queremos abraçar. Fiquei sem folego com aquela grandeza. Caminhei pelas estradas e sempre no meio daquela vegetação seca com tonalidades do ocre para o marrom aparece majestoso com seu tronco curvilíneo de casca grossa e enrugada o Paratudo com sua coroa amarelo ouro contrastante com azul do céu. Nesse encontro, não há beleza maior.
Paratudo parece com o ipê amarelo, mas é uma planta característica do cerrado e do pantanal.
Ele sobrevive à seca e se exibe majestoso em sua floração até setembro e depois oferece frutos. As suas folhas, flores são usados na medicina caseira para tratamento de gripes e resfriados e a casca é usada para todos os tipos de inflamação. Os pesquisadores da Universidade do Mato Grosso do Sul descobriram que é um ótimo remédio para tratar das sequelas de picada de cobra, não substituindo o soro antiofídico.
Voltei para São Paulo com aquela imagem grudada em mim, o Paratudo florido de amarelo contrastando com o céu azul sem nenhuma nuvem. Um lutador, guerreiro, mostrando toda sua força e resistência. Uma experiência que trouxe para o ateliê e fui buscando aquele azul.
Queria mergulhar naquele azul, sentir que ele me invadia. Misturando a encáustica pigmentada azul ultramar com azul real consegui chegar no azul. Fui criando um degradé. Sobre ele o tronco retorcido pintado com encáustica pigmentada sépia e sombra natural.
Pequenas pinceladas de amarelo escuro com laranja e pitadas de branco com uma sombra de sépia foram as cores usadas de encáustica pigmentada para a floração do Paratudo.
Precisava, então, pintar a vegetação seca e ritmada criando uma cartela de cores do ocre ao verde musgo. Foi uma homenagem, um agradecimento à natureza. A partir dessa primeira pintura encáustica que mostra toda cena do Paratudo no meio do cerrado, fiz uma pequena que faz um recorte da cena da árvore com um grande céu. A terceira pintura encáustica focaliza apenas no Paratudo, ele é o centro da atenção. A quarta pintura encáustica sobe até o topo da árvore para encontrar as flores amarelas. O céu azul é constante, ele é o suporte é o que faz ficar tão forte essa árvore que é Paratudo, e é para todos.
Venha sentir a beleza do Paratudo.
Coletiva Novos Talentos 10 a 24 de novembro de 2018 CasaGaleria e oficina de arte Loly Demercian
Rua Fradique Coutinho, 1216 (São Paulo) De terça a sexta-feira das 13 hs às 19 hs Sábado das 13hs às 17hs (11) 3841-9620
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